Como será o expediente das organizações durante a Copa do Mundo

A partir de 9 de junho, data que marca o pontapé inicial da Copa da Alemanha, a rotina de trabalho não será a mesma no Brasil, pelo menos nos dias dos jogos da seleção. O time liderado pelo craque Ronaldinho estréia no mundial, diante da Croácia, no dia 13 de junho, uma terça-feira, às 16 horas de Brasília. Volta a jogar num domingo, dia 18, desta vez contra a Austrália, e a última partida da primeira fase será no dia 22, uma quinta-feira, às 16 horas, contra o Japão do brasileiro Zico. A primeira fase vai até o dia 23.

A preocupação está na pauta das corporações do país do futebol. Pesquisa realizada pela consultoria Millennium junto a 91 empresas em todo o território nacional, pela internet, levando em conta funcionários administrativos e operacionais, aponta três opções (veja box).

Há empresas que vão dispensar seus funcionários até duas horas antes da partida, outras que optaram por oferecer telões para os funcionários torcerem na empresa e ainda organizações que seguirão com expediente normal. Já os funcionários operacionais de algumas fábricas e indústrias, que trabalham em turnos, não vão parar, pois resultaria em prejuízos. O consultor Carlos Luiz Aguiar, da Millennium, ressalta que as três opções só são válidas nos dias de jogos da seleção brasileira.

O consultor também informa que em nenhum dos casos o funcionário terá perdas financeiras pela paralisação em virtude do mundial. “O que pode acontecer é de o funcionário ter de compensar as horas usadas para assistir aos jogos, antes ou depois da Copa”, explica Aguiar.

15 horas

A Kodak decidiu dispensar a maioria dos 700 funcionários, às 15 horas, nos dias de jogos da seleção. “As pessoas ficam tão preocupadas com o jogo, e isso acaba afetando a produtividade no trabalho”, afirma Andréa Mascarenhas, diretora de Recursos Humanos da empresa. No entanto, os operários da unidade fabril, em Manaus, que não poderão se ausentar do trabalho nem em dia de jogo do Brasil, vão contar com telões na organização.

No caso da Kodak, segundo Andréa, a demanda partiu da área de RH e foi negociada junto ao time de lideranças da empresa. O expediente durante a Copa será divulgado aos funcionários via comunicação interna, como email e mural, no dia 15 de maio. “De qualquer forma, o clima está muito positivo, o que contribui para o trabalho coletivo”, diz.

A empresa também não faz restrições aos torcedores que quiserem vestir a camisa da seleção para trabalhar. “Não tem problema, exceto o pessoal da fábrica, que já usa uma roupa adequada, por motivo de segurança”, explica. De acordo com a diretora de RH, a decisão de liberar os funcionários da empresa é uma política no Brasil e não impõe nenhuma contrapartida do funcionário. Na matriz da Kodak, nos EUA, o expediente será normal. Já na filial Argentina, a prática deve ser similar à brasileira. “Isso mostra que a empresa se preocupa em respeitar a diversidade cultural local.”

Pipoca da hora

Pipoca e refrigerante serão servidos aos funcionários da SonyEricsson no Brasil nos dias de jogos da seleção. Mas quem preferir assistir fora da corporação será liberado às 15 horas. Na HP haverá um calendário para a primeira fase do campeonato. Segundo Jair Pianucci, diretor de Recursos Humanos da empresa, o pessoal de plantão de suporte a clientes vai trabalhar normalmente. Já os demais funcionários da organização serão liberados nos dias 13 e 22 de junho, quando a seleção joga, a partir 15 horas.

Até o Tribunal de Justiça de São Paulo vai mudar seu horário de funcionamento dos Fóruns do Estado quando a seleção entrar em campo. Na primeira fase do mundial, quando a equipe jogar às 16 horas, o expediente será das 9 às 14h30, ou seja, os funcionários serão liberados para assistir a partida em casa, afinal não se pode correr o risco de não contar com testemunhas, que certamente estarão grudadas na TV. Se o jogo for ao meio-dia, a jornada será normal.

Além do vale-refeição

No laboratório farmacêutico Bristol-Myers Squibb foi criado um calendário especial nos dias dos jogos do Brasil para que os funcionários possam acompanhar e torcer pela seleção brasileira durante o campeonato.

Nos dias em que os jogos do Brasil ocorrerem no período da tarde, às 16h00, os colaboradores serão dispensados logo após o horário de almoço. Quando as partidas forem realizadas às 12h00, a empresa disponibilizará locais especialmente ambientados, com transmissão em telões, onde os funcionários poderão assistir e torcer juntos. No final dos jogos, o expediente na companhia será retomado e encerrado no horário normal.

Nas oitavas de finais, que estão marcadas para o período de 24 a 27 de junho, os jogos acontecerão às 12h e às 16h. Os mesmos horários foram estabelecidos para as quartas de finais, marcadas para os dias 30 de junho e 1º de julho. A Copa da Alemanha termina dia 9 de julho. De acordo com o consultor da Millennium, o procedimento das empresas deverá ser o mesmo nos dias de jogos da seleção na segunda fase, de acordo com a campanha brasileira no mundial.

“A iniciativa está alinhada a nossa política de gestão, que valoriza o capital humano e a qualidade de vida de toda a equipe", diz  Mário Grieco, presidente da BMS no Brasil.

A intenção com esse programa especial, segundo Grieco, é permitir que o funcionário alcance o equilíbrio entre sua vida pessoal e o trabalho, gerando ganhos importantes em seu rendimento profissional. "Pessoas satisfeitas e com melhor qualidade de vida são mais felizes e produzem mais e melhor”, afirma Grieco.  Segundo ele, a Bristol-Myers Squibb tem a preocupação de oferecer um programa de benefícios a sua equipe que vá além dos vales-refeição e planos de saúde. “Falo de iniciativas como esta que beneficiam diretamente a vida particular do funcionário”, diz.

Se a sua empresa ainda não decidiu como funcionará o expediente durante a Copa do Mundo, confira algumas dicas abaixo:

- A decisão de alteração do expediente durante o mundial é uma demanda que pode partir ou não da área de Recursos Humanos. De qualquer forma, entre em contato com os comitês de funcionários e com as lideranças para encontrar uma forma de contemplar a maioria. A tendência, segundo Carlos Luiz Aguiar, é a liberação dos funcionários. “Estamos no país do futebol e até mesmo as multinacionais, com maioria de funcionários brasileiros, vão usar esse procedimento”, diz.

- É importante levar em consideração as diferenças no expediente de funcionários administrativos e operacionais. Nas fábricas e indústrias que funcionam por turno, por exemplo, muitas vezes é difícil prescindir dos funcionários. Nesses casos, vale disponibilizar aparelhos de TV no local.

- A decisão da empresa em relação ao expediente durante o mundial deve ser divulgada aos funcionários com antecedência. A comunicação pode ser feita por um correio interno e ou via murais estrategicamente colocados na corporação.

- Não deixe a decisão sobre o expediente para a última hora, afinal já há uma agitação própria por conta do mundial. 

Fonte: site Canal RH