quarta-feira, 9 de junho de 2010

Gentileza gera gentileza...


Sempre acreditei piamente nessa frase. Ela faz parte do subconsciente carioca, pois o profeta Gentileza é bastante conhecido em minhacidade e, acredito, em outras também. Ultimamente, ando pensando bastante sobretodos os significados que essa frase possui. Talvez porque falta ao nosso mundocorporativo a real vivência do que é gentileza.

Como consultora, converso com o mais variado grupo de pessoas. São profissionais que buscam emprego. São profissionais que buscam fechar suas vagas. São profissionais que buscam serviços. São profissionais que buscam parceiros. Sempre estamos buscando alguma coisa, é a sina do ser humano. Nunca estamos contentes com aquilo que temos, e buscamos sempre mais. Isso não é nada diferente do que encontramos dentro das organizações. Seus colaboradores querem sempre algo que está um passo a frente do local onde eles se encontram, e eles fazem de tudo para conseguir. Isso está errado? Não. Mas a forma com que eles resolvem fazê-lo é que, muitas vezes, está errada.

Quando falamos sobre networking, sobre usar nossa rede de contatos, sempre busco me lembrar de duas coisas: Gentileza e Reciprocidade. Afinal, é dando que se recebe. Mas, como você quer receber alguma coisa, se você não se dispõe a dar? Vejamos algumas situações:

- Um processo seletivo

Neste cenário, existe dois a três atores, com igual importância em seus papéis. O candidato, o contratante e a pessoa que conduz o processo (consultoria ou RH da empresa). A empresa busca fechar a vaga, o candidato busca ser o escolhido. Mas, ambos tem que mostrar gentileza e reciprocidade. Gentileza através dos contatos, das informações passadas, da forma de receber e de dar informações, de feedback. Reciprocidade, porque se um desses atores se recusam a cumprir seu papel, todo o processo desanda. E ai, são profissionais reclamando para suas redes que foram mal atendidos e não receberam retorno de sua participação. Empresas reclamando que o processo está demorando a fechar. RH reclamando que o candidato sumiu, faltou à entrevista ou passou informações erradas. Se todos se colocassem no lugar do outro, de uma forma verdadeiramente empática, veriam que todos sairiam ganhando em suas expectativas se houvesse mais Gentileza e Reciprocidade.

- Uma contratação de serviços

Neste cenário, temos o consultor e o cliente. Cliente querendo um serviço prestado com qualidade e com preço razoável. Eu disse razoável, clientes, não disse barato. O noção de valores, quando se fala em barato ou caro, é bastante relativa. Então, gosto de falar sobre justo e razoável. O consultor quer prestar um serviço também de qualidade, mas que ele possa ter lucro. Mas, acima de tudo, ele não tem medo do NÃO. Se a proposta não está justa ou razoável, utilize de Gentileza e Reciprocidade. Dê retorno. Negocie, se for o caso. Ou, simplesmente, escreva: “Prezado Fulano, agradecemos sua proposta XYZ mas, infelizmente, não será possível dar continuidade nesse relacionamento de parceria”.

Bonito, né? E simples! Perde-se nem 1 minuto escrevendo isso. É gentil com o próximo, que dispôs de tempo indo visitar ou ligar ou escrever para você, é educado e deixa sua empresa com uma boa imagem no mercado. O mesmo vale para o consultor. Como consultora, busco a saúde financeira de minha empresa. Mas, sejamos honestos e sinceros conosco e com nossos clientes: se não vai conseguir oferecer um trabalho de qualidade, por favor, não o aceite. Não queime o seu filme e de toda uma classe, trocando os pés pelas mãos!

Estou atuando em minha consultoria há quase um ano, depois de 15 anos de atuação em corporações nacionais e multinacionais. Já vivenciei todos os lados desta moeda. Já vivenciei o lado do contratante, que busca qualidade de serviços e um bom atendimento. Já vivenciei o lado do profissional, que espera ansiosamente uma resposta sobre aquela entrevista de meses atrás, durante a qual foi te dito insistentemente que você é tudo o que a empresa deseja, mas entrevistador e empresa somem depois desse momento
altamente motivador, sem sequer se dar ao trabalho de abrir sua mensagem e ler o que você tem a dizer. 

Já vivenciei o lado do consultor, que está atendendo a um cliente da empresa para a qual trabalha, sofrendo todas as pressões para desenvolver e entregar o trabalho no prazo ridículo que seu chefe negociou. E, agora, vivencio o lado empresária, com vários telefonemas sendo desligados em minha cara, e-mails que não são retornados, visitas solicitadas “para ontem” e que não dão em nada.

Acredito que falta muito de Gentileza. Gentileza em ter certeza de que não vai morrer se separar uma parte de seu tempo para ler e responder e-mails. Gentileza para se colocar no lugar da outra pessoa e tentar imaginar o que se passa com ela naquele momento. Gentileza para saber falar e saber calar. Gentileza para saber que, mesmo com uma resposta negativa, isso ainda é melhor do que nada. Nestes quase 12 meses, Gentileza tem sido meu exercício diário. Junto com respiração profunda e muita paciência. E tenho percebido que dá certo. Se dá certo para mim, porque não pode dar certo para as outras pessoas?

E, para finalizar, quero citar novamente José Datrino, o Profeta Gentileza:
"DEUS
GENTILEZA
QUE GERA GENTILEZA
AMOR
BELEZA
PERFEIÇÃO
BONDADE
E RIQUEZA
A NATUREZA"

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