segunda-feira, 28 de junho de 2010

A evolução da área de RH


Dentro das empresas, nenhuma área é mais democrática do que a área de RH. Nos outros departamentos, vemos uma certa preferência por alguns perfis profissionais distintos, com formações acadêmicas semelhantes e uma especialização cada vez mais restrita.

Já no departamento de RH, mostra-se claramente uma evolução em sua formação. Inicialmente, os profissionais que trabalhavam nessa área eram, em sua maioria, profissionais formados em Psicologia. Acredito que isso se dava devido ao perfil das atividades que eram desempenhadas neste departamento: Recrutamento & Seleção em sua grande maioria. Atividades extremamente burocráticas inicialmente, e com a necessidade de um conhecimento especializado em práticas seletivas. O RH tinha que saber agir, não precisava "pensar"... As pessoas eram apenas Recursos, e deviam agir como tal.

Com o passar do tempo, percebeu-se uma evolução da área para algo cada vez mais estratégico. A área começou a ser vista como parceira dos outros departamentos organizacionais e, com isso, a sua formação foi mudando: de apenas psicólogos, foram aceitos profissionais de outras formações em Ciências Humanas, trazendo um novo ar e novos conhecimentos.

Nesta etapa de nossa trajetória, há uma menor ênfase na especialização, dando lugar ao comprometimento e à participação junto ao dia a dia das outras áreas. Deixamos de ser apenas executores para seremos fornecedores e, com isso, houve a necessidade de abrirmos ainda mais nossas mentes e portas para outras especializações. Foi o momento no qual Engenheiros, Advogados, Economistas iniciaram sua participação nas atividades de Recursos Humanos, e esta área alcançou o patamar de Gestão de Pessoas.

Percebemos claramente essa tendência em nossa última enquete, na qual perguntamos aos nossos leitores como era a formação da área de RH na empresa na qual trabalha. Percebemos que, em metade dessas empresas, o RH é formato por profissionais com formação bastante heterogênea. Contudo, percebemos que ainda existem empresas que não possuem uma área de RH formalmente constituída, o que é uma pena.

Contudo, como profissionais da área, independente de nossa formação, temos que lutar pelo crescimento e aprimoramento de nossas práticas. Temos que buscar novas formas de superação, de inovação, sem perdermos o foco em resultados e sem nos distanciar de nosso passado, pois devemos sempre aprender com ele.

Para finalizar, um pequeno resumo da evolução da área de RH nos últimos 70 anos:

Década de 30
O RH era constituído pelos donos das empresas. Inspirados no Fascismo, utilizavam-se da máxima “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Apesar da tirania, era uma área centrada nos resultados.

Década de 40
O RH era constituído por advogados, especialistas em entender as leis para não cumprí-las. Getúlio Vargas promulga a CLT, inspirada na carta fascista de Mussolini. Surgem as primeiras juntas trabalhistas e as primeiras reclamações. É um momento marcado pelo antagonismo entre as partes.

Década de 50
O RH era constituído por engenheiros. Fase de industrialização do País onde o RH se resume a estudos de tempo e movimento. Para as empresas, os Recursos Humanos não são pessoas, mas sim processos. Taylor e Fayol, autores da Teoria Geral da Administração e estudiosos da Administração como ciência são os gurus da época.

Década de 60
Costuma-se chamar de década perdida, já que a filosofia “Paz e Amor” dos hippies transformou-se no Brasil em “Paz dos sindicatos e amor da polícia”, brincou Patto numa referência ao surgimento dos sindicatos e à repressão da ditadura. As empresas descobrem o trabalho em equipe e pela primeira vez não fazem RH pensando só em si mesmas mas
principalmente no sindicato patronal e no de funcionários.

Década de 70
O RH é constituído por Administradores de empresas e segundo o palestrante, muitos deles cometeram vários erros. “Eles mediam o próprio poder pelo tamanho da estrutura que tinham para gerenciar, então os organogramas das corporações eram imensos e inchados
desnecessariamente”, conta Patto.

Década de 80
O RH é constituído por psicólogas, em princípio capazes de gerenciar a crise existencial que abate nos profissionais do setor. A origem dessa crise está no nascimento de um RH revolucionário, preocupado com os parceiros internos, descobridor das pessoas como os verdadeiros recursos humanos e dos interesses dos acionistas, mas ao mesmo tempo
incapaz de lidar com tudo isso e com processos, leis e sindicatos ao mesmo tempo.

Década de 90
Surgem novas idéias e a contradição RH mocinho X RH bandido. Década das fusões, aquisições e terceirizações. Nasce o serviço de Outplacement como tentativa de minimizar os efeitos das demissões. Os profissionais de RH buscam, muitas vezes equivocadamente, metodologias para integrar as pessoas, aliviar o stress, testar os limites e abrir cada ser humano por completo diante de seus colegas. Algumas dessas ferramentas provocaram uma superexposição nada benéfica das pessoas em seus ambientes de trabalho. Com isso, o comprometimento e a credibilidade da área ficam abalados e a crise continua.

1º década do século XXI
É o momento de pensar o RH de forma diferente.

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