segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Venha provar meu brunch, saiba que eu tenho approach.....

Blog Na hora do cafezinho - Enviado por André Moragas


Outro dia conversava com um conhecido sobre a importância do inglês no mundo corporativo e fui surpreendido com a seguinte frase: “meu writing é muito bom, mas meu speaking precisa melhorar”. Nesse momento, pensei: para o mundo que eu quero descer! Não tenho dúvidas (e é melhor que ninguém tenha) de que saber inglês hoje é requisito básico de qualquer currículo que se preze. Mas o que não consigo engolir são pessoas usando expressões em inglês no meio de uma conversa para demonstrar algum tipo de competência. 

Não se engane, quem sabe inglês e se garante não precisa ficar introduzindo palavras no meio de uma fala só para demonstrar que sabe. Na minha sincera opinião, substituir palavras em português por expressões em inglês beira o pedantismo e a arrogância, e demonstra apenas a insegurança do interlocutor. 

O problema é que essa invasão americana é cada vez mais comum na nossa língua (uma das mais ricas do mundo em vocabulário). Nessas horas (quando ouço esse tipo de expressão), dá vontade decopiar o mestre Ancelmo Gois, que escreve com muita propriedade contra essa mania corporativa: “writing e speaking é o cacete!”.

Não faz muito tempo participei de um grupo de trabalho de comunicação e ouvi a seguinte pérola:“vamos preparar um position paper, baseado no Questions and Answers (Q&A). Assim, fica mais fácil propor um speech adequado ao reporting que foi feito no passado. Depois realizamos o media training e startamos o projeto”. Pronto, foi o que eu precisava para levantar dizendo que iria ao banheiro e não voltar mais. É claro que depois, sem o “papagaio americanizado” na sala, fechamos um texto de resumo e preparamos o discurso necessário, além de um documento com perguntas e respostas prováveis sobre o assunto.

O engraçado é que, em geral, esse comportamento ficava restrito ao pessoal de marketing e comunicação. Mas ultimamente, em qualquer ambiente, independentemente da formação do profissional, a utilização de expressões americanas é cada vez mais frequente. Tenho algumas teorias para explicar o fenômeno, desde a utilização cada vez mais frequente da internet e redes sociais à interação crescente dos mercados. Mas, para mim, nada é tão forte quanto a necessidade dos profissionais inseguros de parecerem inteligentes diante da platéia. Assim como o power point (que pode ser traduzido para “apresentação”), a utilização de expressões em inglês sacadas de dentro da cartola no meio de um discurso em português vem transformando-se em uma bengala poderosa para profissionais inseguros e despreparados. 

Ok ou tá bom (pronto, já comecei a traduzir). Já estou até imaginando algumas pessoas criticando o texto e dizendo que não há como traduzir algumas expressões e que o seu uso em inglês é totalmente necessário. Duvido. Se não há tradução literal da palavra, certamente há a possibilidade de traduzir o conceito do que ela significa. Ah, mas vai ter aquele que vai defender que a expressão já se tornou comum nos mercados e que não há como deixar de usá-las. Podendo, inclusive, dificultar o entendimento de conversas. Também duvido. Não consigo imaginar uma expressão em inglês traduzida para o português que dificulte a compreensão dos interlocutores. Bom, sem alguém tiver alguma, apresente-me, por favor.

Para fechar, a utilização ou não desse tipo de expressão, descaracterizando a nossa língua, mostra a grande diferença entre “colonizado” e “colonizadores”. Recentemente estive na Espanha e uma das coisas que mais me impressionaram foi como os espanhóis defendem sua língua. E como dificilmente permitem expressões de qualquer outro idioma no seu dia a dia. Já nós... 

Como sugestão, preparei um pequeno glossário das expressões que ouço muito dentro das empresas com algumas sugestões de tradução para ajudar.


Glossário do “é o cacete”, em homenagem ao mestre Ancelmo... 


Questions & Answers (Q&A) – perguntas e respostas
Media training – treinamento de mídia
Speech - discurso
staff meeting - reunião de equipe
reporting – relatório
startar - começar
printar - imprimir
Feedback - retorno
layout - desenho
banner – painel
benchmarking – comparação de mercado
brainstorming – sugestão de ideias ou, como diria um amigo mineiro, Toró de palpite.
Headhunter – caça-talentos do mundo corporativo
Turnover – rotação de pessoal
B2B: business to business – operação comercial entre empresas
B2C: business to customer – operação comercial entre empresa e pessoa física
Checklist – lista de checagem
Full-time – o tempo todo
Branding – gestão de marca
Case - caso
Coaching - treinador
Deadline – prazo final
Know how – conhecimento
Workaholic – tarado por trabalho
Workshop – treinamento ou trabalho em grupo
CEO – chief executive officer - presidente
Follow-up: dar prosseguimento a um relacionamento, discussão ou debate
Market share: fatia de mercado.
Networking: rede de relacionamentos, geralmente em sua área de atuação
Target - alvo
Business – negócio(s)
Budget - orçamento
guide line – orientações, diretriz ou linha guia 

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