terça-feira, 6 de julho de 2010

A doce vida de um trabalhador em home office

No mundo corporativo, existem algumas concepções errôneas a respeito do dia a dia de trabalho de alguns profissionais.

Uma dessas concepções é a de que todos aqueles profissionais que tem viagens constantes em seu dia a dia são felizardos, pois conseguem trabalhar e fazer turismo ao mesmo tempo. Mal sabem as pessoas que isso não é a realidade. Muitas das vezes, os consultores que atuam quase como caixeiros viajantes passam seus dias entre hotéis, aeroportos e salas de clientes. Seu tempo livre é mais utilizado para colocar em dia e-mails, fazer anotações sobre seu dia de trabalho, escrever ou corrigir propostas, jantar no próprio quarto de hotel e dormir mais cedo, pois o dia seguinte será tão puxado quanto o anterior. Turismo? Só se vê as cidades pelas janelas dos taxis!

A mesma concepção errônea aparece quando pensamos nos profissionais que trabalham em home office. Ter seu escritório em casa é excelente, todos pensam, pois você não precisa nem sequer trocar de roupa, é trabalhar de pijamas o dia todo!

Como profissional que trabalha em parte em home office, isso não poderia ser mais distante da minha realidade. Minha rotina mudou, realmente, e ter meu escritório montado em casa, junto com um escritório comercial de minha empresa, trouxe coisas positivas de um lado, e negativas de outro.

Falemos, então, das coisas boas. Com certeza, não ter que enfrentar um trânsito quase que caótico para ir trabalhar é uma coisa excelente. Meu horário de trabalho, definido inicialmente por mim mesma, é de 9h às 18h. Acordaria às 8h, tomaria banho, café, tudo com calma, me sentaria em frente ao notebook para baixar os e-mails e iniciar meu dia de trabalho. Sem precisar pegar ônibus, taxi ou metrô. Poderia compatibilizar minha hora de almoço com meu metabolismo, sem precisar sair correndo para almoçar, comer comida caseira e do jeitinho que eu gosto. Daria até para dar uma descansadinha no meio do dia, ter mais flexibilidade para um cine no meio da tarde, essas coisas...

O dia a dia mostra que isso nem sempre é possível. Assim como em outras rotinas, tem cliente ligando às 8h da manhã para seu celular, reclamando porque seu telefone comercial não atende! Tem projetos a serem desenvolvidos que te fazem ficar até uma, duas da manhã acordada, com o notebook em cima das pernas, enquanto estou empulerada na cama, com a televisão ligada mas sem perceber o que está passando. Tem o telefone particular que toca no momento que você está no viva voz com um candidato, realizando uma entrevista por Skype e fazendo anotações ao mesmo tempo. Tem o vizinho que toca desesperadamente a campainha e você não pode atender porque está falando ao celular com um cliente. E, claro, tem cliente que não compreende que você busca uma forma mais flexível de trabalho, onde possibilita que seus custos diminuam quando você trabalha em casa e, por isso, não quer fechar aquele contrato com você simplesmente porque você não está no lugar onde ele quer que você esteja, no momento que ele considera adequado.

É claro que a qualidade de vida aumenta. Mas aumenta também o senso de responsabilidade, a necessidade de ser ultra organizado, ter uma força de vontade e perseverança enormes, para lutar contra a vontade de ficar na cama até mais tarde, de sair para passear enquanto está no horário de trabalho. Sua capacidade de administração de tempo também é colocada à prova, porque, em última estância, não possui um chefe e colegas tomando conta de tudo o que você faz, de que horas você chega, que horas você vai embora, quanto tempo demora no almoço ou quantas vezes vai ao banheiro ou tomar café. Você tem um prazo, e tem que cumpri-lo. Ponto final.


Até este momento, tenho me adaptado bem a essa realidade. Talvez ajude pelo fato de ficar sozinha o dia todo, pois a presença de uma outra pessoa na casa dificulta - e muito! - essa equação.


E você, que está lendo este post agora, qual sua opinião sobre trabalhar em Home Office? Já teve, ou tem, essa experiência? Conte um pouco como foi!



 

Um comentário:

  1. Olá Ana Paula.

    Como vai? Adorei o teu artigo.
    Eu também trabalho em home office, e é exatamente isso que você colocou no teu artigo. Como o escritório da empresa em que trabalho fica em Macaé, eu não vou com muita frequência ao escritório.
    Tem que ter muita disciplina, se não você acaba perdendo o foco do teu trabalho e começa a dar prioridade para os seus afazeres pessoais.
    Outra coisa desagradavel, é que as pessoas que trabalham no escritório, pensa que você não faz nada o dia todo.
    Mas tem dia que eu começo as 08:00h e vou até as duas ou três da manhã ou tenho que trabalhar fim de semana também.

    Abraço,
    Carlos da Matta.

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