segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O ser megafone, por Mata Hari

Blog Na hora do cafezinho - Enviado por André Moragas



Pronto, foi só eu escrever sobre a “surdez corporativa” para Mata Hari me ligar querendo dar sua contribuição. Já começou a ligação dando seu recado, com fino humor: “André, vou te falar que eu prefiro essa tal de surdez corporativa a ter que encarar o “ser megafone”, que povoa muitos corredores do mundo corporativo”. 

É lógico que fiquei curioso para saber mais sobre essa nova espécime descoberta por Hari. Pedi então que ela me enviasse um resumo sobre o tal personagem. Acabei descobrindo que já conhecia a figura. Na verdade, conheci muitos “seres megafone” ao longo da vida. E até acho que esse ser é um dos grandes responsáveis pela “surdez corporativa”. Graças a Deus, não encontro com um desses faz muito tempo. Mas é sempre bom ficar de olhos abertos e fugir ao primeiro grito. Com vocês, o “ser megafone”, por Mata Hari.

O ser megafone 

Historicamente funciona assim: quem fala grosso leva. A ênfase do discurso define se o interlocutor será ouvido ou não. Ou você nunca ouviu falar em tipos assim? Tem certeza? Coloque sua cabecinha para funcionar. Não te ocorre sequer um conhecido capaz de falar as bobagens mais incríveis, com tamanha propriedade, que acaba sempre convencendo os inadvertidos só por causa do tom do discurso? 

Pois é. Junte-se a esse “ser megafone” algum poder (não é preciso muito). Meia dúzia de amigos importantes, uma conta bancária bem resolvida, e você estará diante do ser humano bomba. Lidar com essa pessoa é de tirar o fôlego. Ela cansa, conta vantagens e busca, incessantemente, monopolizar as atenções. Esse é o seu modus operandi

E se te resta algum juízo, jamais conteste o “ser megafone” ou tente ofuscar o seu brilho. Ele costuma ser vingativo quando contrariado. Se for seu chefe, não tenha dúvida que perderá o seu empregoSe for seu colega de trabalho, ele arranjará um artifício para deixá-lo “nu em público”. E se o incômodo que ele te causa chegar ao limite, há duas alternativas: demita-se ou adote fones de ouvido.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A difícil arte de formar o líder vindo da carreira técnica


Blog Conversa de elevador - Enviado por Sílvio Celestino


Por vezes a promoção de um profissional a um cargo de liderança faz a empresa perder um técnico nota 10 e ganhar um líder nota 1. Existem muitos fatores a se considerar quando decidimos promover alguém a um cargo no qual estará responsável por pessoas e pela obtenção de resultados por meio delas. O principal é despertar no indivíduo sua capacidade de sair da esfera técnica e interessar-se por desenvolver outros e integrá-los aos propósitos da empresa e principalmente dos clientes. 
O desafio começa quando observamos que em sua vida voltada para máquinas e processos, o profissional evolui adquirindo o conhecimento clássico - aquele que pode ser obtido em livros ou em cursos. Seu mundo possui uma lógica que é expressa a partir de uma sequência de ações que, quando repetidas, produzem o mesmo resultado. Por isto a segurança de um indivíduo oriundo da carreira técnica está em seu conhecimento. Quanto mais sólido ele for, quanto mais profundo e preciso, maior a velocidade com que consegue resolver os problemas que lhe são apresentados e mais valioso se sente para a empresa e para si mesmo.

Entretanto, ao ingressar na carreira de liderança as máquinas e os processos vão para o cenário, ou seja, o indivíduo deixa de interagir com eles e passa a lidar com pessoas de um modo muito específico: obter resultados por meio delas. Neste contexto o conhecimento clássico já não conta tanto, pois cada indivíduo é um ser único e portanto, a melhor forma de conhecê-lo é conversando com ele, observando suas ações e refletindo sobre seus propósitos - que podem mudar de um momento a outro e por fatores desconhecidos por estarem fora da esfera profissional. Além disso, nem todos os comportamentos são lógicos, o que é incompreensível para aqueles formados tecnicamente. Para piorar uma mesma pessoa que o novo líder conseguia fazer mover-se no passado com uma frase inspiradora, agora considera esta mesma mensagem inócua, enfadonha e desmotivadora.

E finalmente chega o fator da maior complexidade para o técnico em cargo de liderança: a emoção.

Seres humanos são máquinas geradoras de emoção. Se em um dado instante a pessoa produzir uma que seja disfuncional, seu trabalho e por vezes o da equipe estará irremediavelmente perdido. Neste fator reside a maior parte do dispêndio de energia do líder, seu estresse e, no longo prazo, seu esgotamento. Por exemplo, um engenheiro que "dirigia-se a um computador" com palavrões quando este demorava para responder a um comando, ao tomar a mesma atitude com um de seus liderados gera as condições para que este último produza medo e se paralise. Um técnico que conseguia consertar velozmente vários equipamentos ao mesmo tempo, ao tentar fazer sua equipe realizar muitos projetos em paralelo gera as condições para que ela fique frustrada, ansiosa e estressada. Nestes exemplos o resultado fica comprometido por sua não realização, qualidade ou atraso. É quando o líder tem de enfrentar a mais difícil das emoções: a sua própria.

O desenvolvimento intelectual na carreira técnica faz o indivíduo acreditar que tudo pode ser aprendido estudando e lendo. Na verdade por maior que seja seu conhecimento sobre inteligência emocional - e há muitos livros consagrados a respeito, se a pessoa não se sujeitar à interação com outros com os propósitos de dominar suas emoções e amadurecer, dificilmente conseguirá exercer a liderança sem tornar-se disfuncional. 

Nas organizações observamos gestores, inclusive no mais alto posto da empresa, que são capazes de gerar excelentes resultados financeiros, mas estão profundamente estressados e alguns com doenças em decorrência disso. Lamentavelmente em muitos casos são eficientes profissionalmente mas ineficientes na vida pessoal, o que é uma forma terrível de fracasso.

A passagem da carreira técnica para a de liderança exige que o indivíduo se exponha a experiências que possam aprimorá-lo no trato das emoções, principalmente nos momentos críticos, que são aqueles onde os resultados não estão acontecendo, o clima organizacional está negativo, ou há uma crise em curso. A capacidade de dominá-las e lidar com as dos subordinados, superiores, pares e clientes desempenha um papel fundamental nestas ocasiões e é um fator-chave para o desenvolvimento de sua carreira.

Nestes quase 10 anos de experiência como coach de líderes empresariais, observo que o papel da empresa é oferecer em sua cultura um sistema que permita a existência de um fluxo constante de novas lideranças (pipeline de líderes). Nele, de acordo com o nível hierárquico da pessoa, ela tem acesso a palestras, workshops e cursos que a despertem para estas questões do auto-desenvolvimento, emoções e maturidade. Mas, complementariamente, a partir de uma certo ponto em sua carreira, tem a possibilidade de submeter-se a uma metodologia específica de formação de liderança: o coaching. Em linhas gerais é o processo de desenvolvimento de competências do líder e que pode ser utilizado também de forma abrangente para que o indivíduo possa desenvolver outras esferas de sua vida. 

Entretanto, todas estas ações devem ser integradas à estratégia da empresa de forma a auxiliar o profissional a paulatinamente ter uma visão cada vez maior de si mesmo e de seu papel frente aos desafios da corporação. Apesar da relevância incontestável da carreira técnica, o que se espera de um profissional ao chegar à maturidade é que seja capaz de se responsabilizar por pessoas e desenvolvê-las. Daí a importância de todos se inspirarem a enfrentar este desafio fundamental para as organizações e o país: a formação de líderes.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Venha provar meu brunch, saiba que eu tenho approach.....

Blog Na hora do cafezinho - Enviado por André Moragas


Outro dia conversava com um conhecido sobre a importância do inglês no mundo corporativo e fui surpreendido com a seguinte frase: “meu writing é muito bom, mas meu speaking precisa melhorar”. Nesse momento, pensei: para o mundo que eu quero descer! Não tenho dúvidas (e é melhor que ninguém tenha) de que saber inglês hoje é requisito básico de qualquer currículo que se preze. Mas o que não consigo engolir são pessoas usando expressões em inglês no meio de uma conversa para demonstrar algum tipo de competência. 

Não se engane, quem sabe inglês e se garante não precisa ficar introduzindo palavras no meio de uma fala só para demonstrar que sabe. Na minha sincera opinião, substituir palavras em português por expressões em inglês beira o pedantismo e a arrogância, e demonstra apenas a insegurança do interlocutor. 

O problema é que essa invasão americana é cada vez mais comum na nossa língua (uma das mais ricas do mundo em vocabulário). Nessas horas (quando ouço esse tipo de expressão), dá vontade decopiar o mestre Ancelmo Gois, que escreve com muita propriedade contra essa mania corporativa: “writing e speaking é o cacete!”.

Não faz muito tempo participei de um grupo de trabalho de comunicação e ouvi a seguinte pérola:“vamos preparar um position paper, baseado no Questions and Answers (Q&A). Assim, fica mais fácil propor um speech adequado ao reporting que foi feito no passado. Depois realizamos o media training e startamos o projeto”. Pronto, foi o que eu precisava para levantar dizendo que iria ao banheiro e não voltar mais. É claro que depois, sem o “papagaio americanizado” na sala, fechamos um texto de resumo e preparamos o discurso necessário, além de um documento com perguntas e respostas prováveis sobre o assunto.

O engraçado é que, em geral, esse comportamento ficava restrito ao pessoal de marketing e comunicação. Mas ultimamente, em qualquer ambiente, independentemente da formação do profissional, a utilização de expressões americanas é cada vez mais frequente. Tenho algumas teorias para explicar o fenômeno, desde a utilização cada vez mais frequente da internet e redes sociais à interação crescente dos mercados. Mas, para mim, nada é tão forte quanto a necessidade dos profissionais inseguros de parecerem inteligentes diante da platéia. Assim como o power point (que pode ser traduzido para “apresentação”), a utilização de expressões em inglês sacadas de dentro da cartola no meio de um discurso em português vem transformando-se em uma bengala poderosa para profissionais inseguros e despreparados. 

Ok ou tá bom (pronto, já comecei a traduzir). Já estou até imaginando algumas pessoas criticando o texto e dizendo que não há como traduzir algumas expressões e que o seu uso em inglês é totalmente necessário. Duvido. Se não há tradução literal da palavra, certamente há a possibilidade de traduzir o conceito do que ela significa. Ah, mas vai ter aquele que vai defender que a expressão já se tornou comum nos mercados e que não há como deixar de usá-las. Podendo, inclusive, dificultar o entendimento de conversas. Também duvido. Não consigo imaginar uma expressão em inglês traduzida para o português que dificulte a compreensão dos interlocutores. Bom, sem alguém tiver alguma, apresente-me, por favor.

Para fechar, a utilização ou não desse tipo de expressão, descaracterizando a nossa língua, mostra a grande diferença entre “colonizado” e “colonizadores”. Recentemente estive na Espanha e uma das coisas que mais me impressionaram foi como os espanhóis defendem sua língua. E como dificilmente permitem expressões de qualquer outro idioma no seu dia a dia. Já nós... 

Como sugestão, preparei um pequeno glossário das expressões que ouço muito dentro das empresas com algumas sugestões de tradução para ajudar.


Glossário do “é o cacete”, em homenagem ao mestre Ancelmo... 


Questions & Answers (Q&A) – perguntas e respostas
Media training – treinamento de mídia
Speech - discurso
staff meeting - reunião de equipe
reporting – relatório
startar - começar
printar - imprimir
Feedback - retorno
layout - desenho
banner – painel
benchmarking – comparação de mercado
brainstorming – sugestão de ideias ou, como diria um amigo mineiro, Toró de palpite.
Headhunter – caça-talentos do mundo corporativo
Turnover – rotação de pessoal
B2B: business to business – operação comercial entre empresas
B2C: business to customer – operação comercial entre empresa e pessoa física
Checklist – lista de checagem
Full-time – o tempo todo
Branding – gestão de marca
Case - caso
Coaching - treinador
Deadline – prazo final
Know how – conhecimento
Workaholic – tarado por trabalho
Workshop – treinamento ou trabalho em grupo
CEO – chief executive officer - presidente
Follow-up: dar prosseguimento a um relacionamento, discussão ou debate
Market share: fatia de mercado.
Networking: rede de relacionamentos, geralmente em sua área de atuação
Target - alvo
Business – negócio(s)
Budget - orçamento
guide line – orientações, diretriz ou linha guia