sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Use o tempo a seu favor e fuja do estresse

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Um bom começo é identificar o que atrapalha a rotina
Um bom começo é identificar o que atrapalha a rotina

ROSANA FERREIRA
Editora-assistente do UOL Estilo Comportamento 
 
Gerenciamento de tempo é um assunto em moda, afinal organizar e ter o controle da agenda é um sonho nos estressantes dias de hoje. E o ambiente corporativo é um terreno fértil para o estresse florescer e trazer com ele problemas profissionais, pessoais e de saúde. Segundo informações da American Psychological Association (organização que representa a psicologia nos Estados Unidos da América e no Canadá), mais de 25% das pessoas afirmam que o trabalho é a principal causa de estresse na vida. A boa notícia é que você pode virar o jogo, basta aprender a identificar o problema para depois solucioná-lo.

A gestão do tempo pessoal, entretanto, não tem uma receita pronta, mas caminhos que levam a uma melhor administração das atividades ao longo do dia. Um bom começo, segundo o especialista em administração de tempo e produtividade Christian Barbosa, autor dos livros “Tríade do Tempo” e “Você, Dona do Seu Tempo”, entre outros, é descobrir quais os métodos que atrapalham a gestão.

Você sabe usar a tecnologia?
 
Ela foi feita para facilitar a vida, porém quem não sabe usá-la pode experimentar o efeito contrário. Para o especialista, a avalanche de tecnologia na vida das pessoas pode, muitas vezes, tirar a atenção do foco. “O melhor é estipular um horário para checar e-mails e as redes sociais, como Twitter, Facebook e Orkut. Tire sinais de alerta quando chega uma mensagem, para não dispersar”, recomenda Barbosa.
 
Você planeja o dia?
 
Isso não é suficiente, pois já é tarde demais: as tarefas do dia são a prioridade. Segundo Barbosa, o planejamento deve ser feito com antecedência. “Isso significa que você deve pensar nas suas atividades, no mínimo, dos próximos três dias. Caso contrário, será difícil reduzir as urgências previsíveis.”
 
Você anota o que precisar fazer no dia?

Não? Então é muito provável que urgências e esquecimentos façam parte da sua rotina. “Isso porque é muito mais fácil e produtivo planejar algo que se consiga visualizar claramente e assim desenhar sua estratégia de execução”, diz Barbosa. Isso mesmo, precisa ser real: compre um caderno, uma agenda ou use um software específico para anotar suas demandas. Não dependa somente da memória.
 
Você usa calendário para anotar tarefas diárias?
 
Se respondeu sim, repense seus conceitos. De acordo com Barbosa, o calendário impõe horários inflexíveis, sem espontaneidade. “Seu dia possui tarefas para serem executadas, mas não um horário pré-determinado com hora de início e término”, diz o especialista. Portanto, o melhor a fazer é agendar tarefas ao longo do dia, com a possibilidade de realocá-las de acordo com o andamento das atividades. Uma boa opção é gerenciar por de prioridade.
 
Você começa a segunda-feira com o pé esquerdo?
 
Isso pode significar que a semana inteira está comprometida. “Se você perder o controle das atividades no primeiro dia e não recuperar na terça, dificilmente conseguirá manter o planejamento”, avisa o especialista em gestão de tempo. Além disso, pode bater aquele sentimento de improdutividade por não ser capaz de finalizar tudo que desejava.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Vaga para presidente do Brasil (3)

Revista Época Negócios
presidente_1De acordo com uma série proposta aqui neste blog (leia texto anterior), sugiro um exercício de reflexão sobre um processo de seleção para um dos mais importantes cargos do país: o de Presidente.
Nesta fase, nos debruçamos sobre os candidatos. Dentro de uma empresa, após a definição do perfil, fazemos uma busca de possíveis candidatos. Normalmente, são milhares de currículos recebidos. Há um trabalho de filtro grosso e fino, até chegar à fase de entrevistas.

Neste momento, parece que temos os principais candidatos da corrida presidencial definidos. Nesta fase, gostaria de destacar alguns pontos relevantes que se aplicam ao mundo político e corporativo:

1. É preciso ter uma opinião
O processo de escolha de um candidato dependerá efetivamente da sua visão (sua, meu caro leitor) de mundo. Quais são seus valores, o que é importante para você e como esses parâmetros se refletem na conduta de cada candidato? Sinto que há um predomínio do lugar comum, das grandes frases feitas, dos slogans que direcionam comportamentos e procuram reduzir o mundo a sistemas simples de certo e errado.

Não há fórmulas de sucesso, como tenho destacado tantas vezes em nossos textos. Muitas vezes, com medo de um julgamento externo, agimos como manada, na mesma direção adotada pela maioria. Na empresa, por medo de perder um cargo ou de seguir contra a corrente, calamos nossas opiniões. Isso não é bom. Precisamos mergulhar em nossas reflexões, investigar hipóteses, ler e estudar muito.

Formada uma convicção, devemos ser capazes de convencer nossos interlocutores de que aquele é um caminho a ser considerado. Em um post anterior (Argumentar com arte: mais razão e emoção), falamos da importância de defender nossos pontos de vista, falando com pessoas em situações profissionais e pessoais.

Passo por tudo isso porque destaco que, neste caso, qualquer avaliação de candidato dependerá desta visão de mundo. Quando esses conceitos são bem sedimentados, a análise de qualquer situação fica muito clara e não será este blogueiro ou qualquer outro que irá influenciar sua convicção (na empresa ou na vida pública).

2. Um perfil de gestor
Entre os líderes em pesquisas prévias para o pleito, podemos reconhecer dois perfis de candidatos mais gestores. Trata-se de uma situação que se repete no mundo corporativo também. Normalmente, depois de um presidente mais vendedor (normalmente personalidades reconhecidas publicamente, com grandes resultados em marketing e vendas), as organizações contrapõem executivos mais voltados para os temas internos, financeiros e administrativos (muitas vezes de pouca expressão e carisma, mas muito eficientes em operar a máquina).

Como um pêndulo, as empresas intercalam profissionais mais externamente agressivos e inovadores (que avançam sobre o mercado), com perfis mais voltados para a sistematização do processo, eficiência e resultado. Essa pode ser uma resposta para um país que clama por uma administração pública mais eficiente, sem dúvida. Por outro lado, um perfil mais gestor é uma alternativa importante para quem vai ter que substituir um perfil tão específico como o do atual presidente Lula.

3. Se é difícil decidir, use sua intuição
Num processo de seleção, as variáveis propostas nunca cobrem totalmente a realidade da prática profissional. Os candidato usam máscaras que ressaltam as virtudes e escondem os defeitos. A manifestação das vontades de parte a parte muitas vezes reflete o mundo das idéias, mas não encontram reflexo na prática. Em certos casos, o candidato que parecia muito bom, não se concretizou nos primeiros dias de trabalho. Uma grande decepção.

O departamento de Recursos Humanos sempre tem boas ferramentas que ajudam no processo de escolha, dando contornos quantitativos para uma decisão que é, muitas vezes, subjetiva. Nós sempre procuramos trabalhar com iguais (pessoas que pensam e decidem como nós), mas nem sempre isso compõe a equipe mais completa e melhor para se trabalhar. Ter como parâmetros seus valores e princípios é fundamental, mas eu também sempre uso minha intuição para a decisão final. Na maioria das vezes, foi a escolha mais bem sucedida.

4. O exercício profissional e político
Capacidade de relacionamento e de obtenção de resultados conduzindo pessoas é uma exigência no universo corporativo e político. Se essa condição parece não tão nobre nos palácios governamentais, saber fazer concessões e alianças é uma realidade viva dentro das empresas. Não basta ser tecnicamente competente, é preciso demonstrar capacidade de conquistar resultados fazendo a leitura mais adequada do ambiente em que os desafios se desenvolvem e mobilizando os atores da mudança.

Quando alguém escreve uma peça, ele deve cuidar de contar uma boa história para seu público. Mas não é apenas um caso de inspiração. Ele deve cuidar também do palco, da iluminação, do som, dos atores, do figurino e da direção. De todas essas escolhas dependerá o sucesso do espetáculo. Tudo deve ter uma coerência.

Reflita muito sobre a complexidade dessas decisões. Desejo que você faça excelentes escolhas na vida.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Vaga para presidente do Brasil (2)

Revista Época Negócios
presidente_1Como falamos em texto anterior, está em curso um processo de seleção para um dos mais importantes cargos do país: o de Presidente.
O atual ocupante do cargo está com a bola toda. Segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quarta-feira (17), a aprovação pessoal do presidente Lula se manteve estável em 83%. Este mês, 13% disseram desaprovar o governo Lula, e 4% não sabem ou não quiserem responder.

Em qualquer empresa, substituir um profissional com essa avaliação seria um desafio e tanto, já que as comparações seriam inevitáveis. Mas falaremos dos possíveis candidatos a esse cargo e suas características em um próximo post.
Vamos agora tentar tirar algumas lições avaliando a carreira política do atual Presidente do Brasil?

1. Dificilmente é possível pular etapas em uma carreira. Mesmo que seja uma carreira política. Lula filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos em 1968. Era identificado com espírito de liderança e carisma, diferenciais que marcaram toda sua trajetória. Em 1969 foi eleito para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP) como suplente e, em 1972, foi eleito como um dos diretores titulares. Foi eleito presidente do mesmo sindicato em 1975. Ganhou projeção nacional ao reivindicar reposição salarial em 1977;

2. Construa um caminho novo. A ideia de fundar um partido concretizou-se em 1980. Lula se juntou a sindicalistas, intelectuais, católicos e artistas para formar o Partido dos Trabalhadores (PT), uma nova referência de atuação partidária no Brasil;

3. Persistência em torno de um objetivo. O presidente Lula não teve sempre sucesso em eleições. Depois de ser eleito deputado federal em 1986 com a maior votação do país, amargou derrotas nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998. Se você perdeu um processo de seleção, outros virão e é preciso estar preparado para eles;

4. Saber se reinventar. As derrotas serviram de grande lição para o presidente Lula. A análise e o reconhecimento que a mesma fórmula daria no mesmo resultado levou o candidato a repensar posturas e bandeiras. Adotou um discurso moderado, prometendo a ortodoxia econômica, respeito aos contratos e reconhecimento da dívida externa do país, conquistando a confiança de parte da classe média e do empresariado. Em 27 de outubro de 2002, aos 57 anos de idade, com quase 53 milhões de votos, Lula é escolhido para o cargo que tanto almejava;

5. Aprender com o cargo. É inegável que o exercício do poder trouxe experiências amargas para o presidente. Ele precisou aprender a liturgia da função (também para poder romper com ela) e soube adequar suas características próprias e inequívocas em benefício do seu desempenho. Reconheceu as forças políticas (e a necessidade de compor com elas) e usou a seu favor todo carisma estabelecido com a população. O resultado foi a construção de um discurso único que o associa aos pontos positivos do desempenho da gestão pública e ainda o descola dos fatores negativos que envolvem a mesma gestão;

6. Sensibilidade como arma. O presidente é um intuitivo que tem profunda sensibilidade para lidar com os desafios que se impõem ao seu projeto de poder. Usa sua intuição ao extremo e sabe identificar uma oportunidade muito antes de seus pares. Com criatividade e de forma surpreendente para muitos, considerando os parâmetros de conduta e formação esperados antes para quem deveria exercer o cargo, estabeleceu um novo padrão de governo. Seu sucessor, seja quem for, não poder ignorar esse legado;

7. Não há uma única fórmula de sucesso. Temos uma péssima prática de idolatrar pessoas que têm sucesso profissional, transformando-as em mito. Ninguém é insubstituível. No mundo corporativo, muitas vezes já ficou demonstrado que o sucesso é um castelo de areia que leva um bom desempenho e a imagem de seu executor na primeira onda inesperada. Saber reconhecer a humanidade de quem está no cargo e as oportunidades de inovação é um caminho para ocupar o espaço de alguém com muito prestígio. Vamos ver como os candidatos ao cargo vão se sair para superar esse desafio;

8. Imagem é importante, mas não é tudo. Quando se é popular, discurso e atitude se confundem. O que você faz descreve quem você é. Importante cuidar da percepção que passa para as pessoas em seu ambiente de trabalho. Mas, acima de tudo, é a atitude que comprova os princípios que você proclama. Cuide de ser coerente.

Gostaria de conhecer sua opinião.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Vaga para presidente do Brasil: a importância do QI

Dentro da série sobre o processo de seleção para o cargo público de presidente do Brasil (tratamos vários aspectos desta situação em textos anteriores), vamos nos colocar no papel do selecionador.
A responsabilidade que recai sobre esta personagem é tamanha, porque dessa escolha depende o futuro do desenvolvimento de determinado trabalho. Acertar para a empresa e não ser injusto com o candidato é um exercício que desafia e atormenta profissionais de RH.

De forma pejorativa, muitas vezes as pessoas justificam a escolha de um determinado profissional pelo QI. Não se trata do Quociente de Inteligência, uma medida obtida por meio de testes desenvolvidos para avaliar as capacidades cognitivas (inteligência) de um sujeito.

Falamos do “Quem Indica”.

Muitos aliviam as frustações justificando a perda de um processo de seleção porque os concorrentes estavam armados com esse importante diferencial.

Na maioria das vezes, a leitura que se faz é de que aquele que é beneficiado pelo QI não teria as condições suficientes para ser escolhido se não fosse indicado por alguém importante na estrutura da organização. As empresas investem muito, e cada vez mais, em processos que permitam garantir a escolha de funcionários adequados as exigências de cada cargo.

Não é fácil, posso assegurar, acertar quando falamos desse tipo de escolha.

A indicação de um candidato aparece, muitas vezes, como um alívio para quem cuida do processo de seleção. Primeiro porque o profissional vem com a chancela de alguém de alto escalão. Depois, porque selecionador transfere parte da responsabilidade por eventuais erros na escolha para o ombro de quem o indicou.

Empresas sérias incluem os indicados em processos seletivos como qualquer outro pretendente ao cargo, não há crime nisso. Indicação não deve ser apadrinhamento. Os pontos fortes e fracos devem ser evidenciados e comparados com todos os participantes.
Mas esta é uma vantagem, sem dúvida, que pode fazer a diferença na hora do desempate. 
Conhecer um profissional no dia a dia é diferente do que conhecê-lo durante o curto espaço de tempo do processo de seleção. O requisitante da vaga, muitas vezes, tem a imagem clara do perfil que deseja para a vaga e teima em associá-lo à determinada pessoa.
Indicação também tem relação com manutenção. Pessoas indicadas podem representar uma proposta de continuismo ao modelo do ocupante anterior. Cabe à empresa decidir se esse é o perfil desejado não para o requisitante da vaga, mas para os desafios futuros da empresa.

Por fim, vale pensar na questão do QI como uma estratégia de relacionamento. Esse, sim, é um patrimônio importante. Sermos conhecidos é muito importante dentro de círculos de decisão da empresa. O chefe do seu chefe te conhece? Tem uma opinião formada sobre você. E o chefe do chefe do chefe? Pense nisso.

Aproveite também os contatos nas faculdades e entre amigos (e familiares de amigos). Participe de associações e grupos de trabalho. Mostre quem você é, porque esse conhecimento pode fazer a diferença num processo de seleção. Mas esteja certo, isso não é tudo.